Revelação faz parte de acordo de colaboração premiada assinado pelo ex-policial. Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, Brazão tem foro privilegiado e sempre negou envolvimento
O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, disse em delação premiada que Domingos Brazão foi um dos mandantes do atentado de 2018.
Uma das hipóteses é que Brazão mandou matar a vereadora por vingança contra Marcelo Freixo, na época deputado estadual do Rio de Janeiro pelo Psol.
Brazão assumiu o cargo de vereador do Rio de Janeiro em 1997. Depois, foi eleito deputado estadual cinco vezes e exerceu a função entre 1999 e 2015. Ele coleciona polêmicas e processos: já foi acusado de corrupção, improbidade administrativa, compra de votos e fraude.
Em 2008, então deputado, Brazão foi citado no relatório final da CPI das milícias. Freixo era o presidente da comissão.
Em 2019, Brazão já havia sido apontado pela Procuradoria-Geral da República como “arquiteto do homicídio” de Marielle e Anderson, como mostrou o portal UOL na época. A denúncia foi rejeitada em março de 2023. Em entrevistas, o ex-deputado sempre negou ter participado do crime. Ele voltou a afirmar nesta terça (23) que nunca teve envolvimento com Lessa ou com o a morte da ex-vereadora.
Ronnie Lessa está preso desde março de 2019. Ele aceitou assinar um acordo de delação no fim de 2023. O acordo ainda precisa ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça, pois Brazão tem foro privilegiado. O processo corre em sigilo. Isso pode encerrar o caso após seis anos de investigação.
Essa não é a primeira delação no caso. Antes de Lessa, Élcio Queiroz, outro ex-policial militar, já havia feito um acordo de colaboração premiada. Queiroz confessou que dirigia o veículo Cobalt prata usado no ataque ao carro onde estava a vereadora. O veículo foi atingido por pelo menos 10 tiros. Ele também afirmou que Lessa foi o autor dos disparos.