Projeto é criticado por gastos em meio à crise financeira do município; parlamentares defendem reestruturação da Casa

A sessão da Câmara Municipal de Goiânia, nesta quinta-feira (27), foi marcada por uma intensa discussão entre vereadores sobre a criação de 41 novos cargos comissionados no Legislativo. O projeto, que prevê um custo mensal de R$ 467 mil e reestrutura a administração da Casa, gerou fortes críticas do vereador Fabrício Rosa (PT), que questionou a necessidade da medida em meio a problemas estruturais na cidade. Após a fala de Rosa, parlamentares, como Sargento Novandir, Tião Peixoto e Anselmo Pereira, rebateram as acusações e defenderam a proposta como essencial para o funcionamento da Câmara.
Críticas e embates no plenário
Fabrício Rosa éum dos principais opositores do projeto, apontando que Goiânia enfrenta carências graves em setores essenciais, enquanto a Câmara amplia sua estrutura administrativa.
“Faltam médicos, enfermeiros, policiais, professores. Faltam medicamentos, insumos básicos para tratamento da população. Faltam políticas públicas sérias para acolher pessoas em situação de rua e para cuidar do meio ambiente. E esta Casa, de maneira desavergonhada, sem nenhum constrangimento, vai aprovar a criação de cargos com salários de até R$ 20 mil. Numa cidade que falta tudo, essa Casa vai aprovar mais cargos?”.
A declaração gerou reações imediatas. O vereador Sargento Novandir criticou a fala de Rosa, classificando-a como demagógica e insinuando que o petista fazia um discurso político.
“É muito fácil vir aqui e fazer um discurso bonito, mas, se eu não visse quem está falando, eu até aplaudiria. Só que a narrativa é enganadora, é uma vergonha para o povo goianiense”, rebateu.
O vereador Tião Peixoto também contestou a posição de Rosa e apontou supostas incoerências.
“O governo do seu partido tem 41 ministérios. Quantos funcionários, Fabrício? A estrutura federal pode crescer, mas aqui não pode?”, ironizou.
Justificativa da Mesa Diretora
O projeto prevê a criação de novas diretorias, como Patrimônio e Almoxarifado, Transparência e Proteção de Dados, Promoção às Atividades de Cultura e Ensino, entre outras. Segundo a Mesa Diretora, a medida visa modernizar a administração da Casa e melhorar a prestação de serviços à população.
O presidente da Câmara, Romário Policarpo, garantiu que a criação dos cargos não trará aumento de despesas para o município, pois os valores serão realocados dentro do orçamento do Legislativo.
“O dinheiro é o mesmo. Agora, a forma de gastar é uma decisão da minha gestão. A imprensa deve divulgar tudo que acontece nesta Casa, mas a discussão precisa ser aprofundada, sem simplificações”, afirmou.
Já o vice-presidente Anselmo Pereira destacou que a Câmara tem economizado recursos e que o projeto é uma reorganização interna.
“Nós já devolvemos quase R$ 100 milhões à Prefeitura nos últimos anos. Não se trata de um aumento de custos, e sim de um ajuste necessário para melhorar a eficiência do Legislativo”, explicou.
O que acontece agora?
O projeto ainda precisa passar por uma segunda votação antes de ser implementado. O embate entre os vereadores indica que o tema continuará gerando polêmica tanto dentro quanto fora do plenário.