O parlamentar Gustavo Gayer, do partido PL, protocolou na segunda-feira (26) um projeto de lei na Câmara dos Deputados que busca garantir aos professores o direito de recusar a lecionar conteúdos que vão contra suas crenças e valores, sem que sejam submetidos a processos administrativos. A proposta visa modificar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96, a fim de colocar o discurso religioso acima das definições científicas no currículo escolar.
Nas redes sociais, houve manifestações tanto favoráveis quanto contrárias ao projeto. Uma apoiadora escreveu: “A EDUCAÇÃO NECESSITA de um olhar mais atento e, principalmente, na formação acadêmica de professores. E, peço que você junto a outros parlamentares lutem para proteger as crianças e adolescentes dessa ideologia torpe”. Outro internauta ironizou dizendo: “Excelente! Sou professor geocentrista e vou finalmente poder me recusar a ensinar que a Terra gira em torno do sol! Agora sim o Brasil deslancha!”. Um apoiador questionou: “E se o conteúdo ferir a crença do professor esquerdopata, que no caso é a maioria, como é que fica essa situação?”.
O deputado ganhou notoriedade ao expor professores em suas redes sociais. Em pelo menos dois casos, profissionais foram demitidos devido a conteúdos considerados “doutrinação de esquerda” pelo parlamentar. Além disso, Gayer financiou um site que permitia que pais denunciassem professores “esquerdistas”. No entanto, a plataforma encontra-se indisponível atualmente. Em outra ocasião, a Universidade de Rio Verde (Unirv), localizada na região Sudoeste de Goiás, chegou a remover o livro “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”, de Marçal Aquino, da lista de leituras obrigatórias para o vestibular, após o deputado federal publicar um vídeo acusando a obra de ser “conteúdo literário pornográfico”.